Uma vida sexual
satisfatória pode ter significados distintos, para distintos parceiros. Para
algumas pessoas, a satisfação sexual é sinónimo da frequência com que se tem
relações sexuais com o/a companheiro/a. Para outros tem a ver com a forma como
as relações sexuais acontecem (a qualidade ou variedade das actividades
associadas ao sexo, a conexão emocional sentida, a intensidade do prazer, etc).
Na verdade não existe
uma definição única daquilo que é uma “vida sexual normal”. Mas há elementos
comuns quando se fala de uma sexualidade saudável:
- Demonstrar uma atitude positiva em relação ao sexo com
o/a companheiro/a
- Sentir-se confortável com o corpo na presença do/a
companheiro/a
- Sentir-se seguro/a e ser capaz de confiar no/a companheiro/a
- Tomar a responsabilidade pelo próprio prazer e pedir,
de forma assertiva, o que necessita para aumentar a sua satisfação
- Ser capaz de desenvolver competências sexuais que facilitem
uma relação mais satisfatória
- Ser capaz de recusar uma relação sexual ou um toque
sexual que não aprecie/não lhe apeteça no momento
- Sentir que o/a companheiro/a entende e respeita a sua
sexualidade e as suas necessidades sexuais
É natural que o casal experimente altos e baixos na sua vida sexual. O
excessivo stress trazido pelo trabalho, pela maternidade/paternidade, por uma
doença ou evento traumático podem condicionar o desejo e a vivência da
sexualidade. Por isso, é extremamente importante manter uma flexibilidade
permanente e adaptar-se às situações especiais que vão surgindo.
No entanto, se
verificar que as coisas não voltam a estabilizar-se, naturalmente, isso poderá
significar que o casal está perante uma dificuldade sexual específica.
Os problemas
associados à vida sexual do casal podem extrapolar para outras áreas da
relação. Podem mesmo levar à separação, se um ou ambos os parceiros sentirem
que as suas necessidades sexuais não são levadas a sério.
Por outro lado, por
vezes são os problemas associados a outras áreas da relação que acabam por
dificultar a vida sexual do casal. Por exemplo:
- Ressentimento, conflitos mal resolvidos ou sentimentos
de frustração
- Dificuldades de comunicação e conexão com o/a
companheiro/a
- Dificuldades de intimidade/sentir-se próximo/a
- Diminuição da atracção física
- Falta de confiança, medo de ser magoado/a
- Insatisfação
geral com a relação
Problemas sexuais mais comuns:
- Falta
de desejo
- Impotência
- Ejaculação
Precoce
- Incapacidade
de atingir o orgasmo
- Frigidez/ dores durante a relação sexual
É importante ter em
conta que algumas destas disfunções sexuais se podem dever a um problema de
saúde concreto, à toma de determinada medicação (como um anti-depressivo), a
alterações hormonais, a problemas de próstata ou do foro ginecológico, a um
problema de saúde mental, etc.
Outros factores podem
ser a falta de energia, o excesso de trabalho, o stress ou o abuso de
substâncias tóxicas como o álcool/drogas. A diferença de rotinas e de biorritmo
entre os membros do casal (devido a diferentes horários laborais e picos de
energia particulares a cada indivíduo) poderá também obstaculizar a vida
sexual.
Algumas dificuldades
sexuais que se manifestam anos após o início da relação podem advir de
situações que sempre foram um problema para um dos membros do casal (ou para os
dois), mas que não foram abordadas/discutidas na altura. É natural que no
início da relação seja mais difícil falar sobre as necessidades sexuais. Daí a
importância de desenvolver continuamente uma assertividade sexual responsável.
Um
parceiro insatisfeito com os preliminares, com as actividades sexuais desenvolvidas
ou com a intensidade emocional sentida ao fazer amor, deve esforçar-se por
falar abertamente sobre os seus sentimentos.
É de particular relevância lembrar
que os dois parceiros podem ter opiniões diferentes e níveis de desejo
diferentes em relação à quantidade e qualidade das relações sexuais. É por
isso, uma área que se deve manter aberta
a renegociações permanentes.
Por fim, convém
lembrar os factores pessoais associados ao sexo. Um dos parceiros poderá ter
uma determinada atitude/emoção ante o sexo, causada pela sua história pessoal.
Pode sentir demasiada ansiedade, sentir-se culpado/a ou ter outros sentimentos
negativos, como a vergonha. Pode ainda ter tido experiências difíceis na sua
vida sexual anterior, o que condicionará, certamente, a plenitude da sua satisfação
sexual actual.
Independentemente da razão, o importante é que ambos os
parceiros comuniquem abertamente sobre a forma como se sentem e como desejam
viver a sua sexualidade comum. O grande objectivo é que se sintam cada vez ais
relaxados, confortáveis, confiantes e satisfeitos.
Muitas
vezes, os casais não procuram ajuda profissional para lidar com os seus
problemas sexuais, porque:
- Esperam
que o problema desapareça
- Sentem vergonha/embaraço
- Têm baixas expectativas sobre o quão satisfatória
poderá ser a sua vida sexual
- Sentem que o problema não vai desaparecer porque já é
“crónico”
- Não acreditam que a terapia de casal possa ajudar a
resolver problemas sexuais
A terapia de casal
pode ajudar a resolver problemas sexuais através de:
- Melhoria da comunicação sobre a relação,
- Clarificação de mal-entendidos/resolução de conflitos
pendentes
- Aconselhamento específico sobre exercícios de
desenvolvimento de competências sexuais
- Psicoterapia, tratando sintomas e crenças advindos de
situações negativas passadas
Cuide de si e da sua Relação!
Por Dra. Dora Rebelo, Psicologa Clínica, Terapeuta de casal e Terapeuta Familiar.
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